quarta-feira, junho 26, 2002

********NÃO TERMINEI AINDA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!******************ATENÇÃO********************************

Estação do Abismo

Parte1: Primavera

A noite chega, apesar do céu continuar como sempre está ... cinzento. As partículas de poeira que cobrem toda a cidade refletem o neon da civilização. “ Mas que belo espetáculo!” , dizem alguns colegas enganados pela evolução. Mas, quem sou EU para falar de meus ignorantes amigos, se eu, ‘o mais esperto de todos’, está afogando nas profundezas do gelado e abissal reino de Hades. Pois, por mais iluminado que sejam os neons e por mais quente que sejam os motores e a fumaça, o caminho é essencialmente frio e escuro até o edifício Paradise Trade, o maior de todos os arranha-céus do território pertencente a corporação TanusTech.
Depois de uma vida cheio de aventuras e ideologias libertárias e igualitárias, percebo que foi tudo um engano. Não fui mais do que um tolo com todos os outros que zombei. E para finalizar essa vergonhosa tragédia, a caminho do paraíso eu estou. O paraíso dos sem almas, que com suas conciências aprisionadas em seus pútridos invólucrus de carne cantam ao ranger dos ossos.

Clubbed To Death *


O céu em tons de cinza, o metal frio, batido e encardido cobre a carcaça de toda uma civilização. Ando só, em meio a multidão, tentando me encontrar entre turbilhões de pensamentos. Não importa o que faça, não me sinto tão só. Eu sei que algo esta errado, pois não devo seguir essa multidão e muito menos ter seus pensamentos em minha vertiginosa mente. Quero correr, quero deixar as gargalhadas para trás, quero deixar os pensamentos junto com o meus desejos. Respiro fundo o ar impregnado de monóxido de carbono e dela tento assimilar o pouco de oxigênio que resta. Corro, corro e corro sem parar. Não olho para trás. Em meio a penumbra dos becos fétidos fecho os olhos, pois não as preciso. Mas meus ouvidos capitam toda cacofonia morta da estéril civilização.
O primeiro pensamento claro em minha mente é “O que faço?”, mas nenhuma resposta. O ruído aumenta, a esterilidade quer me consumir. Um turbilhão de pensamento asfixia minha mente “Idiota...” “O que adianta enxergar um pouco além se a teme.” “O que tem feito em prol disso?” “Nada.” “ Palavras,” “ o que são palavras?” “Faz uso do que criticas.” “Finalmente...” “O que aprendeu?” “Nada?” “Para que vive então? Ou melhor para que existe?”. Branco. Abro meus olhos. Meu pé esta preso. Olho em volta e vejo que não sai do lugar. Tiro meu pé do buraco e ela sangra muito mas não sinto dor. Sangue prateado enegrecido cheirando a ferrugem. Os transeuntes passam despercebidamente por mim. Seus desejos e angustias não são mais audíveis. Sim, para que correr? Se sei que nada adianta. A saída esta em mim. Não importa para onde vá se nada mudei....Culpar se só me trás mais pensamentos. Não percebi o paradoxo e cômico que há em tudo isso. Caem a primeiras gotas na minha longa jornada em expurgar toda o sangue estéril até que se torne rubra.


*(nome da faixa 4 da trilha sonora de Matrix)

sexta-feira, junho 07, 2002

"A ciência é um empreendimento essencialmente anárquico:
o anarquismo teórico é mais humano e mais susceptível de
encorajar o progresso do que as alternativas respeitadoras
da lei e ordem."
Paul Feyerabend



Mano velho, qndo vc colocar essas frases na lista coloque aqui tb. :)

"Lentamente os homens de ação, possuindo uma vontade firme e um instinto revolucionário desenvolvido, verão na idéia anarquista da liberdade individual antes de tudo a idéia do respeito anarquista pela individualidade do outro, a idéia da luta infatigável pela liberdade anarquista..."


"O Anarquismo não significa misticismo, nem vãs palavras sobre o Belo, nem um grito de desespero. A sua grandeza é feita, antes de tudo, pela sua dedicação a causa da humanidade oprimida."


-Piotr Archinov, A Makhnovstchina e o Anarquismo.

quinta-feira, junho 06, 2002

" O mundo desgovernado não é moldado por vagas forças metafísicas. Não é deus quem mata as crianças. Não é o acaso que as trucida nem é o destino que as dá de comer aos cães.
Somos nós.
Só nós. "

- Rorschach, em Watchmen, de Alan Moore.


Assumir um pouco de responsabilidade diabos!! Esconder as injustiças e vicissitudes do mundo em uma possível transcedentalidade do ser e das motivações é no mínimo covardia.
Pensamento racional-descartiano-ocidental uma ova! Não existe logicidade nessa visão animalesca, contrária a qualquer discussão ou "planejamento" estruturados, baseada no mercado e em sua ferocidade, sua burrice. Contando , é claro, com a incoerência entre valores e ações. Se ao menos essas pessoas fossem honestas facilitaria muito o nosso trabalho.
Acho que as belezas do mundo so se comparam com as monstruosidades do mesmo, mas acho também que a segunda está ganhando muito terreno. O que mais se vê é a proliferação de etnocentricos, exclusivistas, sexistas, capitalistas, patriotas e de todos os demais adeptos de doutrinas obtusas (já em serem doutrinas) e nem um pouco racionais.
Um ser humando pode nascer e morrer sem nunca ter lido um bom livro (mais provável que nem leia qualquer coisa). A escrita é considerada um dos mais importantes ( e primeiros) marcos do processo de humanização (não confudir com hominização). Por Bordieu, os antigos babilônios já escreviam!! E nós nem depois de milênios conseguimos realmente popularizar isso...
Como ver a beleza desse mundo podre, onde uma pessoa pode muito provavelmente passar fome por toda a sua existência e ter sua humanidade absorvida pela terra e pelas outras pessoas. Tudo é tão óbvio, tão escancarado. É assustador. Raiva e vergonha do ser (e de ser) humano. Seria melhor que todos eles tivessem nascido esquilos, ou pedaços de pau. Não pensariam e não saberiam de sua existêcia e da dos outros do mesmo jeito.
Melhor eu parar, a febre está me deixando grogue e a tristeza abatido.

...

Panqui, eu sei que fica estranho, mas eu acho importante manter os endereços no blog para nós (e outras pessoas interessadas) podermos consutar essa lista sem maiores problemas, ou até para divulgação das próprias HPs citadas. Mas concordo que deveriamos botar mais textos.